Candeeiro em madeira de faia e porcelana formalmente baseado numa antiga medida de cereais – o alqueire. As sementes serviram de inspiração a esta peça, chamando a atenção para o problema da monopolização das sementes e da biodiversidade por parte das grandes empresas internacionais. A preservação dessas diferenças genéticas que as sementes encerram e da troca de energia que elas potenciam, são conceitos que estão na base da concepção deste “Alqueire de Luz”.
A peça foi criada com recurso à técnica de modelação cerâmica por enchimento via líquida, com pasta de porcelana, sobre um molde de gesso. Na superfície de porcelana, muito fina, relevos recriam a textura das sementes. A fonte de luz por trás aviva a forma das sementes e cria maior ambiência, numa luz de presença que pode estar pousada numa mesa ou fixar-se na parede.
O nome é o título de um livro de poemas de Eugénio de Andrade, publicado em 1948, servindo de homenagem ao poeta português natural do Fundão, no ano em que se contam dez anos passados sobre a sua morte. Três taças vão albergar os frutos – aquilo que nasceu das sementes, fonte de criação e de inspiração – colhidos na natureza pelas mãos do Homem. Têm diferentes texturas de folhas, irregulares e muito delicadas, em porcelana muito fina, e assentam sobre rodilhas de burel, com que as mulheres antigamente transportavam os cestos e os cântaros à cabeça. Modelação cerâmica por enchimento via líquida e manufactura da rodilha.