Plantar e cuidar do cereal, amassar e cozer no forno a lenha. Durante séculos o pão foi assim produzido em Portugal, garantindo o sabor, textura e aspecto deste alimento basilar. A peneira tradicional, que limpava o cereal através da sua rede, simboliza as tradições e os costumes ligados à confecção artesanal do pão. Hoje, porém, o pão é produzido com farinhas industriais e refinadas.
Nesta peneira, a rede tem um buraco a toda a volta. Dado que hoje a farinha já vem refinada, o resultado será o mesmo se a farinha atravessar a rede ou cair pelo buraco.
Esta peneira inútil alerta para o esquecimento desta tradição e para o desaparecimento do pão artesanal. A frase ‘Não peneirar’, gravada a laser, remete para o que acontece actualmente com a cultura, os saberes e as práticas tradicionais, e transporta o peso da desvalorização da cultura material e imaterial. O projecto pretende recuperar este objeto e toda a cultura a ele ligada.