BARRACA DOS OLEIROS

XANA MONTEIRO / CARLOS LIMA
Molelos, Tondela

SULCO I / SULCO II

Uma peça que vive de lembranças, das marcas deixadas na terra pelas charruas, como rugas causadas pelo natural processo de envelhecimento recriadas nestes painéis rectangulares em cerâmica negra. Com a chuva, a terra volta a ficar alisada, como se rejuvenescesse – esse contraste está aqui presente.

O painel é todo feito à mão, moldando o barro como se se amassasse o pão, criando os sulcos da terra ao longo da peça com uma foice, texturas que deixam ver uma tonalidade diferente na parte interior do barro. Na parte exterior, a peça é brunida, ou alisada com a ajuda de um seixo do rio, lembrando a terra lisa depois de uma chuvada.

A cerâmica negra de Molelos tem tradição secular. O processo de  cozedura a lenha em atmosfera redutora é que  confere às peças o seu tom negro.

 

EXAS. PROEMINÊNCIAS

Peça de forte impacto estético pela sua curvatura, como um chifre estilizado de um qualquer animal auxiliar do homem nas tarefas agrícolas. 

O barro, depois de preparado e ainda húmido, é modelado à mão, criando-se primeiro a forma de uma pirâmide. Esta vai sendo enrolada e trabalhada até se obter um cone, que do meio até à ponta é ligeiramente inclinado. A peça é escavada por dentro para lhe conferir maior leveza, e tem na base pequenos sulcos, como as rugas do envelhecimento. Quando está quase seco o barro é brunido – polido repetidamente com seixos do rio para eliminar qualquer porosidade. A peça finalizada é cozida em forno de lenha durante cerca de 10 horas, em atmosfera redutora, o que vai dar o característico tom negro ao barro.